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Na manhã de domingo (8.out.2023), Elon Musk indicou dois “bons” perfis de notícias de guerra para seus 150 milhões de seguidores no X (antigo Twitter) se informarem do conflito entre Israel e o Hamas.
As duas recomendações do bilionário são notórias fontes de desinformação. Em maio, elas espalharam o boato de que a Casa Branca havia sido bombardeada, por exemplo.
Ao se dar conta da gafe, Musk apagou o post. Antes disso, ele havia acumulado +11 milhões de visualizações.
Era apenas questão de tempo — e um evento dramático — para que a decadência do X se revelasse da pior maneira possível. Ao longo de quase um ano, incentivos errados e decisões desastrosas em série de Musk transformaram a rede em um dos piores lugares para se obter informações confiáveis.
Ativistas e especialistas em inteligência coletiva têm perdido um tempo precioso desmentido imagens de video game e vídeos antigos, repostados no X para direcionar narrativas e/ou gerar dinheiro com o programa de divisão de receitas (mal) implementado por Musk.
Não é que a desinformação digital tenha surgido agora nem seja exclusividade do X. É que, ali, ela está fora de controle de maneira quase institucionalizada.
Em quase um ano, Musk demitiu +75% dos funcionários do então Twitter, dispensou todos os milhares de terceirizados que moderavam conteúdo, desdenhou da imprensa, potencializou discursos extremistas, criou os piores incentivos para que a desinformação florescesse na plataforma.
A situação é tão grave e peculiar que Thierry Breton, comissário da União Europeia, enviou uma “carta urgente”, em tom duro, apontando infrações do X ao Digital Services Act e exigindo providências de Musk em um prazo de 24 horas.
O X, hoje, é o que todas as redes extremistas alternativas — Gab, Truth Social, Parler — sempre sonharam em ser: um espaço frequentado por milhões de pessoas, controlado por um extremista e onde dinheiro e truculência falam mais alto em uma suposta “guerra cultural” que estaria em curso.
Muita gente boa continua no X, entre outros (poucos) motivos, “para se informar”. Sinto dizer, mas o antigo Twitter não existe mais e o que sobrou em seu lugar, o X, não serve para isso.
Com informações da Associated Press e Wired (ambos em inglês).