Origens e destinos da fábrica de desinformação eleitoral

Como redes com moderação mais frouxa produzem conteúdo desinformativo para ser amplificado em redes maiores
Origens e destinos da fábrica de desinformação eleitoral
Arte Rodolfo Almeida
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Como parte da cobertura das eleições de 2022, o Núcleo tem monitorado conteúdos que fazem alegações falsas sobre fraude nas urnas e no processo eleitoral no YouTube e em outras redes.

Uma transmissão ao vivo foi derrubada depois que a nossa reportagem alertou o YouTube para a sua permanência na plataforma – foram mais de 15 horas no ar. Mas dezenas de outros vídeos seguem ali, angariando visualizações e escoando para outras redes.

YouTube remove fake sobre fraude, mas outras seguem no ar
Ao menos 35 vídeos que trazem menções diretas a “fraude” e “eleições” no título do vídeo continuam disponíveis na plataforma

Esses vídeos no YouTube alertam para um fenômeno importante que vêm se consolidando há algum tempo: outras redes, menores e de moderação mais frouxa, funcionam como fábrica de produção de conteúdo que depois migra para grandes plataformas.

Nas dezenas de vídeos identificados pelo Núcleo, muitos dos quais são compilados de peças mais curtas, aparecem conteúdos do Kwai e do TikTok. Se a existência deles na rede originária já é um problema de desinformação, quando eles migram para outros espaços perde-se o controle.

Baixar vídeos das redes sociais sempre foi possível, geralmente por meio de um site ou ferramenta auxiliar. No caso do TikTok e Kwai, o aplicativo traz uma função de download embutida, o que facilita, e muito, que esse vídeo migre para outras redes, em especial os serviços de mensageria.

Essas redes, onde a moderação é mais leniente, têm ainda uma outra particularidade, como reportado pelo Aos Fatos em ago.2022: oferecem ao usuário a possibilidade de fazer edições complexas em vídeos na palma da mão.

O YouTube, por sua vez, também funciona como mais um elo nesse ecossistema de disseminação. Isso porque os links dos vídeos – alguns dos quais não são listados publicamente – são distribuídos por Telegram e WhatsApp.

No domingo (02.out.2022), apuração de Aos Fatos, Agência Pública e Núcleo mostrou que vídeos da Jovem Pan e do canal Pingo nos Is que repercutiam, sem contexto, um áudio que ligava o traficante Marcola ao ex-presidente Lula, circularam em pelo menos 38 grupos de Telegram e WhatsApp antes de serem derrubados pelo Youtube.

Youtube derruba vídeos virais da JP sobre Lula e Marcola
Conteúdos tiveram remoção decretada por ministro Alexandre de Moraes na noite de sábado (1º.out)

A coordenação de distribuição de conteúdo entre diferentes redes sociais tem sido uma maneira de evadir a moderação e ampliar a transmissão de mensagens, mesmo que essas mensagens sejam exageradas, falsas e até nocivas.

Por Laís Martins
Edição Sérgio Spagnuolo

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