Emails internos do Twitter renovam queixas de bolsonaristas com eleições

Tuítes de jornalista ativista mostram insatisfação da equipe do Twitter no Brasil contra medidas judiciais e pedem que plataformas não sejam reguladas no país

A divulgação de emails internos de diretores do antigo Twitter (agora X) deu novo fôlego às reclamações de bolsonaristas em torno da eleição perdida por Jair Bolsonaro em 2022, com acusações de "censura" por parte de autoridades, especialmente o ministro Alexandre de Moraes e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

NOVO TWITTER FILES. Na manhã de 3.abr.2024, o jornalista ativista norte-americano Michael Shellenberger publicou tuítes que deveriam revelar a versão brasileira do Twitter Files, uma série de artigos publicados em 2022 por dois jornalistas norte-americanos que se baseou em emails divulgados pelo bilionário Elon Musk após a compra da rede social.

Ao contrário dos primeiros Twitter Files, Musk não compartilhou o conteúdo mais recente.

[ATUALIZADO] Musk compartilhou os tweets em 6.abr.2023.

EMAILS INTERNOS. O material mostra conversas do ex-diretor jurídico da rede social no Brasil, Rafael Batista, discutindo pedidos de autoridades do judiciário e do legislativo sobre dados pessoais de usuários, entre eles políticos bolsonaristas.

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O que foi a Twitter Files?
A Twitter Files foi uma série de artigos publicados no fim de 2022. Ela revelou emails internos da plataforma que foram vazados pelo bilionário Elon Musk a escritores escolhidos sob medida, como Shellenberger e outros dois blogueiros trumpistas. A expectativa de Musk era revelar supostos abusos cometidos pelo dono anterior da plataforma, Jack Dorsey, no bloqueio de contas ligadas à extrema direita do país. Na prática, o material não revelou nada demais e ainda causou climão entre o bilionário e seus escritores parceiros.

CENSURA? No geral, o material mostra a insatisfação da equipe interna do Twitter com ações judiciais, pedidos de autoridades ou processos comuns de requerimentos de dados de usuários, remoções de conteúdos ou mais proatividade da plataforma na moderação de postagens falsas ou ações coordenadas durante as eleições.

Boa parte do conteúdo é um vai-e-vem da equipe legal do Twitter no Brasil sobre como proceder em relação aos pedidos das autoridades.

O Twitter, inclusive, assinou em 2022 (já depois que Musk tinha iniciado a compra da plataforma e depois de boa parte das conversas relatadas nos emails) um acordo com o TSE "com o objetivo de desenvolver ações para coibir ou neutralizar a disseminação de notícias falsas na rede".

ATIVISMO. Os tuítes de Shellenberger, em tom ativista, pedem ainda que os brasileiros se oponham ao PL das Fake News e a regulamentações de plataformas, além de defender que o país crie um marco de liberdade de expressão à imagem e semelhança do norte-americano.

Como a publicação tenta reforçar acusações de censura a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ela agitou uma série de influenciadores bolsonaristas entre os últimos dias 3 e 4 de abril no X/Twitter, alguns deles investigados pela Polícia Federal (PF) por terem apoiado a tentativa de golpe de 8 de janeiro.

Texto Pedro Nakamura
Edição Sérgio Spagnuolo

Texto atualizado em 7.abr.2024 às 11h11 para incluir fato de que Elon Musk de fato compartilhou os tweets do Twitter Files Brazil

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