Forças de segurança usaram WhatsApp para comunicação oficial em 8.jan

Durante a CPMI do 8.jan, ex-diretor da ABIN disse que app foi o meio preferencial de troca de mensagens entre agentes em campo. "Não é o ideal mas é o que tínhamos".

O WhatsApp foi utilizado como canal oficial de comunicação de forças de segurança durante os ataques de 8.jan.2023 em Brasília, disse em depoimento à CPMI, nesta terça-feira (1.ago), o ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Cunha.

Durante o depoimento, Cunha confirmou que o general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, o chamado G. Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula, foi informado via Whatsapp sobre possíveis ataques à capital.

DOIS TRACINHOS. Cunha contou detalhes de como funciona o dia-a-dia das forças de segurança com o aplicativo.

Segundo ele, o jeito de confirmar que os informes foram recebidos nos grupos estava atrelado ao recurso de confirmação de leitura do WhatsApp (aqueles dois traços azuis) – ou seja, forças de segurança confiavam a entrega a um recurso padrão do aplicativo de mensagens.

NÃO É O IDEAL. Questionado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), Cunha escancarou o uso massificado do aplicativo por autoridades e também seu incômodo com a falta de uma aplicação de uso específico para comunicação entre forças de segurança.

"Nós tínhamos ali [no grupo de Whatsapp] agências de todos os tipos, que são diferentes, tem diferentes doutrinas de inteligência e não compartilham ferramentas de comunicação sigilosas em comum. Então é impraticável num evento tático desse [8.janeiro]."

É o que tínhamos naquele momento. Então as mensagens de Whatsapp foram encaminhadas porque era a ferramenta que nós tínhamos e elas não tem menor valor por isso.

CHOQUEI. A senadora ficou chocada com o uso do aplicativo e adjetivou a situação como bizarra. "É surreal você pegar todo o serviço de inteligência do Estado Brasileiro e se colocar isso através de um aplicativo de uma empresa privada estrangeira".

Saulo concordou mas explicou que esse uso não ocorre na troca de relatórios e arquivos sigilosos, mas sim para fazer alertas em tempo real. "Para isso temos uma ferramenta específica, chamada Correio SisBin".

Texto Leonardo Coelho
Edição Sérgio Spagnuolo

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