Fraudes virtuais disparam, mas ainda estão subdimensionadas

Em 2022, foram registradas pouco mais de 200 mil ocorrências desse tipo de estelionato; situação segue um padrão internacional de crescimento após a pandemia.

O aumento no volume de fraudes virtuais no Brasil – muitas delas feitas via redes sociais e aplicativos de mensagens – expõe um outro problema: os dados ainda não refletem totalmente a realidade.

O QUE DIZEM OS DADOS. Houve um aumento anual de 65,4% de registros de fraude virtual em 2022, quando foram registradas pouco mais de 200 mil ocorrências desse tipo de estelionato, segundo dados recém-publicados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

A situação segue um padrão internacional de crescimento após a pandemia. O Núcleo já reportou diversas histórias de golpes e fraudes virtuais no passado.

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Em geral, crimes de estelionato avançaram 326% em todo o Brasil nos últimos cinco anos.

FRAUDE NAS REDES. Redes sociais e apps de mensagem são parte integral do ecossistema criminoso.

“Entendemos que boa parte desse crescimento intensivo que o estelionato tem tido recentemente nos últimos anos em grande medida pode ser tributado ao incremento no número das fraudes eletrônicas, que podem ocorrer tanto na web e em redes sociais quanto em e-mails ou aplicativos”, explicou ao Núcleo David Marques, sociólogo e coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

SUBDIMENSIONADO. Para Marques, ficou claro o subdimensionamento dos registros de fraudes virtuais porque a tipificação é recente (colocada sob o artigo 171 do código penal em 2021) e nem todos os Estados têm como especificar em seus registros esse novo tipo de ocorrência.

O anuário explicita esse problema ao explicar que os números de fraudes virtuais excluem dados de cinco estados dos 10 mais populosos: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Ceará.

“Outros estados terão que fazer adaptações para conseguir refletir essa nova modalidade”, alertou o sociólogo.

“A investigação nesse ambiente é um desafio para as polícias que tendem a ser instituições muito envelhecidas e que tem uma capacidade baixa de competir por profissionais qualificados no mercado, tendo em vista que os salários do mercado privado são muito mais altos. Então o desafio reside aí: qualificar e rejuvenescer o efetivo policial para investigações no ambiente digital”.

DESAFIOS. Segundo dados do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic-BR), cerca de 81% dos brasileiros acessam a internet, número que aumentou após a pandemia.

Para Marques, é importante ter em mente outros desafios que a massificação da internet, e mais especificamente das redes sociais, trazem para a segurança pública.

“A gente tem visto, por exemplo, uma intensificação da promoção e circulação de discursos de ódio nas redes sociais”, comentou, chamando a atenção para propagação de casos de violência que nascem no ambiente virtual e acabam atingindo o mundo offline, como atentados em escolas.

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Torna-se cada vez mais difícil discernir ameaças reais de trolls querendo causar medo generalizado
Texto Leonardo Coelho
Edição Sérgio Spagnuolo

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