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Quase duas semanas depois do fim da eleição, menções a fraude seguem em alta no TikTok, mostrando um fôlego sustentado ao longo dos dias, ainda maior do que o apurado no primeiro turno.

Nos últimos 7 dias, publicações com alguma variação do termo fraude (como fraudado, fraudulento ou fraudulentas) somaram 38,6 milhões de visualizações e 297,5 mil compartilhamentos na plataforma de vídeos, segundo monitoramento do Núcleo.

Gráfico Interativo

Em comparação, na semana imediatamente após o 1º turno (entre 3.out e 10.out), menções a esses termos somaram 20,7 milhões de visualizações. No primeiro turno, as menções a fraude se concentraram na semana de 2.out a 10.out, perdendo força na semana seguinte.

Já após o segundo turno, menções ao termo seguem altas pela segunda semana consecutiva.

O movimento no TikTok espelha o que se vê nas ruas e em outras redes sociais: uma parcela de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro segue mobilizada pela falsa crença de que as eleições foram fraudadas e que as Forças Armadas devem intervir.

O Núcleo analisou os 20 vídeos com mais visualizações publicados nos últimos 7 dias na plataforma:

  • Metade fala explicitamente ou sugerem indiretamente que as eleições foram fraudadas;
  • 4 foram derrubados pela plataforma ou apagados pelo usuário;
  • 6 são vídeos humorísticos que não alegam que houve fraude.

Um dos vídeos mais visualizados, publicado na quarta-feira (09.out.2o22) e que soma 1,2 milhão de visualizações, alegava falsamente que o relatório das Forças Armadas com o resultado da auditoria das urnas só sairia após o resultado das eleições nos Estados Unidos, onde a "direita estaria ganhando".

As hashtags que acompanham o vídeo: #exercitobrasileiro🇧🇷 #moraespreso #BOLSONARO #FRAUDENASURnas#nossabandeirajamaiserávermelha #manisfestacaopacifica #contracensura #naoaocomunismo

RECOMENDAÇÃO. O Núcleo também identificou que o TikTok continua recomendando vídeos que afirmam ou sugerem que houve fraude nas urnas eletrônicas. Ao buscar pela palavra neutra "urnas" no TikTok sem estar logado em nenhuma conta, os dois primeiros vídeos recomendados falam em fraude.

No primeiro vídeo, o homem substitui as palavras fraude e urna, que estariam proibidas, segundo ele, por "falha" e "equipamento". Ainda assim, o vídeo, que não contém nenhuma hashtag, foi recomendado pela rede social.

Na véspera do segundo turno, um relatório da organização #SumOfUs mostrou que, apesar de mudanças para combater a desinformação eleitoral, o TikTok continuava recomendando conteúdo golpista ou que sugeria fraude a usuários que buscassem por termos neutros.

O Núcleo enviou as perguntas abaixo ao TikTok por meio da assessoria de imprensa.

- Desde o fim do segundo turno, houve alguma alteração na forma como o TikTok modera conteúdos de cunho eleitoral? Ou seja, o esquema de moderação teve alterações?
- Vocês podem compartilhar quantos vídeos foram derrubados desde o fim do segundo turno por violações à política de integridade eleitoral?

A empresa respondeu:

"Estamos comprometidos e seguimos trabalhando para proteger a integridade de nossa plataforma e das eleições, inclusive após o dia das eleições.  Proibimos e removemos informações falsas ou enganosas que possam causar dano a processos cívicos e outras violações de nossas Diretrizes da Comunidade. Trabalhamos em parceria com agências de checagem de fatos, como Estadão Verifica e Reuters, no Brasil, que nos ajudam a identificar informações falsas para que nossas equipes possam aplicar as políticas adequadas."


Texto atualizado às 19h02 de 11.nov.2022 para incluir posicionamento do TikTok.

Reportagem Laís Martins
Gráfico Sérgio Spagnuolo
Edição Samira Menezes
TikTok
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