Como a Meta virou uma empresa do passado

Inteligência artificial substituiu o metaverso como mais promissor produto digital atualmente
Como a Meta virou uma empresa do passado
Arte: Rodolfo Almeida/Núcleo
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Raio-x é uma editoria de análise crítica do Núcleo e contém opiniões

Coisa de um ano e pouco atrás, a grande promessa de novo produto digital era o metaverso – e ninguém parecia melhor posicionado para isso do que o Facebook (que mudou de nome para Meta pra ficar na vanguarda nessa área).

Com o passar dos trimestres, no entanto, foi ficando cada vez mais claro que o metaverso era um imenso buraco-negro para sugar o dinheiro da Meta, que teve prejuízo de US$13,7 bilhões com sua unidade de realidade virtual no ano passado.

Vieram à tona diversos desafios, como de engenharia (quem diria que colocar pernas em avatares é algo tão difícil) e de moderação e assédio virtual. Mas o principal imperativo é o desafio comercial:  como convencer as pessoas a passar parte de seus dias utilizando headsets ridículos que custam mais de US$1.000. Não dá pra forçar isso nas pessoas.

O metaverso é um bom caminho para entendermos o tipo de empresa que a Meta se transformou nos últimos anos: fez aquisições gigantescas (como WhatsApp e Instagram), tomou decisões unilaterais com consequências indesejadas (como empurrar vídeos goela abaixo e reduzir jornalismo no newsfeed), atravessou escândalos sem muita transparência ou mea cupla, e passou a copiar sem pudor o que alguns concorrentes fazem (especialmente o TikTok).

Ou seja, Meta virou uma empresa velha, e não é de agora. Uma empresa cujo objetivo não é criar, e sim permanecer no topo.

Se antes o Facebook queria ser disruptivo e fazer coisas novas que poderiam mudar a forma como as pessoas se comunicavam, agora a Meta quer apenas emplacar uma nova fonte de receita com um produto que ela nem sabe bem se as pessoas querem.

Falando em receita, a Meta bem que tentou variar suas fontes de renda, como emplacar o Workplace como ferramenta de comunicação corporativa. Mas essas abordagens corresponderam a apenas 0,007% da receita anual da empresa em 2022. Em geral falar que uma coisa equivale 99,99% é pleonasmo, mas nesse caso é o número real da importância de anúncios para a Meta.

Por isso repercutiu bastante a notícia de que a empresa vai cobrar entre US$12-15 por mês pelo selo de verificação em suas plataformas. Afinal, empresa de capital aberto tem que dar retorno a acionistas, e não ser revolucionária.

No Vale do Silício, coração do desenvolvimento de tecnologia digital, o fracasso é uma coisa comum. Tão comum que muitas vezes é considerado um ponto positivo para um fundador ter tido uma empresa que afundou, sob o argumento de que isso cria profissionais mais experientes e temperados.

Um dos segredos do sucesso de fundos de venture capital, que financiam boa parte das empresas de tecnologia digital, é que 75% das startups vão fracassar – o bacon vem da parcela que triunfa, e só um punhado vai gerar retornos bilionários, e, mais raro ainda, apenas uma ínfima fração vai mudar o mercado.

A Meta é uma dessas companhias que mudaram o jogo. Nas principais métricas de mercado que você analisar – retorno financeiro, escala e marca – a Meta (antigamente conhecida como Facebook) é um sucesso, construído em cima, principalmente, da venda de anúncios direcionados e de dados de usuários – que não pagariam nada para utilizar os produtos da empresa.

Mas ao ficar muito grande e querer ser maior, a Meta está repetindo os erros dos conglomerados gigantes do século 20, alguns dos quais podem ser grandes até hoje, mas não conseguiram emplacar o futuro, engolidos pela mentalidade do passado.

Edição Alexandre Orrico

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