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Musk vai matar um monte de bots do bem no Twitter

O fato de o Twitter ter uma API pública aberta e gratuita sempre foi uma das coisas que distinguiu essa rede social
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Raio-x é uma editoria de análise crítica do Núcleo e contém opiniões

A decisão de Elon Musk de transformar a API pública do Twitter em um recurso pago (segundo ele, na ordem de US$100/mês) vai ter uma série de efeitos ainda desconhecidos na forma como a rede social funciona, mas uma coisa é certa: um monte de "bots do bem" vão morrer.

Bots do bem são robôs que ajudam em alguma coisa, seja monitorando tweets apagados de políticos, destacando tweets mais populares de cientistas ou relembrando pessoas sobre assuntos. Há milhares de casos de bons bots, e uma mensalidade de cerca de R$500 mataria a maioria deles.

O fato de o Twitter ter uma API pública aberta e gratuita sempre foi uma das coisas que distinguiu essa rede social.
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Em poucas palavras, APIs são recursos fornecidos pelo Twitter (ou por qualquer empresa que tenha produtos digitais) para automatizar o uso da ferramenta por terceiros.

Esses recursos permitiram a criação de bots e automações que são ou bem díficeis ou simplesmente impossíveis sem um acesso a uma API gratuita. Como resultado, o Twitter sempre se beneficiou por ter um ecossistema propício para desenvolvedores e, consequentemente, com bastante oferta de aplicativos terceiros, monitoramentos e, claro, bots.

O primeiro passo de Musk para sufocar esse ecossitema foi a derrubada de clientes (interfaces diferentes para um app) alternativos pra uso do Twitter, como Tweetbot e Twitterrific. Tudo feito por baixo dos panos e com surpresa, basicamente destruindo negócios construídos durante anos sem nenhuma consulta.

A desculpinha usada por Musk agora – de que a API gratuita estava sendo utilizada para criar bots nocivos – poderia ser facilmente solucionada com um sistema de verificação de perfis (o Facebook faz isso com sua API de anúncios gratuita).

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O imperativo de negócios e geração de receita poderia ser uma desculpa melhor. É compreensível que o Twitter cobre para a utilização de seus dados, especialmente agora que a empresa tem derretido sua receita de anúncios após a confusão causada pelo bilionário nos últimos meses.

Mas isso tem que ser feito de maneira ordeira, de uma forma que não estraçalhe o pujante cenário de desenvolvimento do Twitter, e que dê a oportunidade de desenvolvedores já ativos terem algum benefício ou desconto para que seus projetos não sejam descontinuados.

O modelo free-style de Musk, de criar regras e preços do nada, certamente vai continuar tirando o valor do Twitter, assim como tem acontecido desde que ele assumiu a empresa.

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