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Nos últimos dias, uma notícia surpreendente balançou as redes sociais, fazendo-nos repensar sobre nossos antepassados e seus comportamentos.

A revista Nature publicou um artigo documentando a descoberta de restos do esqueleto de um indivíduo jovem (provavelmente uma criança) em Bornéu que, nas palavras dos autores, "teve o terço distal da perna esquerda amputada cirurgicamente, provavelmente quando criança, há pelo menos 31.000 anos".

Esse terço distal abrange o pé e uma parte do tornozelo.

Reprodução: Maloney, T. et al., Nature (2022)

E por que uma descoberta como essa é surpreendente? O artigo explica!

Antes dessa descoberta revolucionária, acreditava-se que as primeiras inovações nos cuidados e práticas medicinais teriam acontecido quando nossos antepassados construíram sociedades agrícolas, por volta de 10.000 anos atrás, conhecida como Revolução do Neolítico.

O caso mais antigo de amputação é datado de 7.000 anos atrás, a partir de achados dos restos mortais de um indivíduo fazendeiro do neolítico que teve seu braço amputado e parcialmente cicatrizado.

No Twitter, o fato foi comentado pelo paleontólogo Juan Cisneros, destacando o procedimento bem sucedido, com a presença de cicatrização e sem indicativos de infecção.

Segundo Cisneros, a criança chegou a viver cerca de 6 a 9 anos após a amputação.

E para quem está pensando que cortar um pedaço de membro é uma coisa fácil, dados de mortalidade após amputações chegavam a 46% no século XIX, como conta Antonio Luiz Costa. Considerando amputação de perna, as porcentagens poderiam chegar em 70%.

E o pessoal deixou bem claro nas redes o quão incrível é essa descoberta.

Segundo um dos autores da publicação na Nature, "a ponta do osso restante da perna mostrava um corte nítido e oblíquo, que você pode ver olhando através do osso", como noticia o site Correio Braziliense aqui.

Todas as evidências apontam que foi uma decisão pensada, não acidental, em prol da saúde do indivíduo, e não como uma punição ou qualquer coisa do tipo.

Na publicação, os autores ainda sugerem que, considerando um conhecimento necessário de anatomia, fisiologia e procedimentos cirúrgicos, diversas tentativas possam ter ocorrido nessas comunidades, passando esse aprendizado de forma oral adiante.

No entanto, ainda não sabemos se foi um evento isolado ou se foi resultado de uma prática realizada há um tempo – e se sim, eles pareciam ser bons nisso.

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