O fascinante sistema nervoso um tanto descentralizado dos insetos

O vídeo de um besouro emocionou twitteiros e trouxe luz para o complexo sistema nervoso dos insetos, que podem também sentir dor

Recentemente, o entomólogo e macrofotógrafo César Favacho compartilhou no Twitter um vídeo de um besouro que foi parcialmente comido por uma ave. O problema é que a porção ainda existente continuava se mexendo. Segundo ele, a parte remanescente poderia continuar viva por mais de um dia!

Ao ver as cenas, não sabemos se estamos em um episódio de The Walking Dead ou só contemplando a diversidade da natureza.

Segundo César, isso ocorre em virtude da organização do sistema nervoso dos insetos que, claramente, tem particularidades em relação ao nosso.

O divulgador científico Mateus Sanches explica que o sistema nervoso de insetos pode ter vários centros de processamento – ou gânglios – espalhados pelo corpo, controlados "quase que individualmente".

Mesmo no contexto mostrado por César, o besourinho não vai viver por muito tempo nessa condição do vídeo.

Há outros casos em que os insetos perdem partes do corpo que, além da organização de seu sistema nervoso, podem se tornar viáveis por um período de tempo em virtude de o inseto não ter perdido tanto "sangue" (chamado de hemolinfa).

Isso é possível porque a circulação dos insetos é diferente da nossa, chamada de circulação aberta, conforme Mateus explica abaixo:

Insetos também sentem dor

Em um primeiro momento, essa organização do sistema nervoso com vários centros de processamento, quase que individualmente, pode soar meio confusa, porque a estamos comparando com o funcionamento do nosso próprio sistema nervoso, mas isso não torna os insetos menos interessantes. Pelo contrário.

Nesse outro fio, Mateus Sanches explica como os insetos ouvem, cheiram, sentem dor e, generalizando, percebem o mundo:

E destaco um ponto importante do fio: insetos são capazes de sentir dor, situações de estresse, desconforto e irritabilidade.

O corpo desses animais é recoberto de pequenos sensores que captam essas informações, chamados de cerdas sensoriais.

No vídeo abaixo, podemos ver a reação de um louva-deus à exposição a uma substância ardente jogada por um besouro.

Frequentemente, nas redes sociais, vemos vídeos de animais em contextos em que podemos achar, num primeiro momento de descuido, que eles não estão sentindo dor. Mas temos que tomar muito cuidado com esse pensamento.

Foi o caso da lagosta que caiu na panela cheia de óleo quente. A Beatriz Almeida, bióloga marinha e divulgadora científica, fez um excelente fio explicando sobre o caso, além de reforçar que lagostas são seres sencientes, capazes de processar uma miríade de estímulos e, inclusive, sentir dor.

Complexos e admiráveis

Comparações com outros organismos, como nós, sempre são muito complexas de serem feitas. E em relação aos insetos ainda há muitas questões sem respostas sobre como esse processamento do ambiente interno e externo geraria uma percepção abrangente de si e do seu entorno.

Por isso temos que ter a cautela em não menosprezar ou subestimar esse processamento, pois são animais extremamente complexos e admiráveis.

Um pouco dessa complexidade foi compartilhada pelo pessoal no post do César Favacho com o vídeo do corpo do besourinho estraçalhado, mas ainda ativo.

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