Varíola dos macacos: a culpa não é deles!

Apesar do nome, o vírus pode ser transmitido por outros animais. Nas redes, especialistas explicam o motivo do aumento de casos e o que fazer

A varíola dos macacos, do inglês monkeypox, é uma doença viral causada por um vírus que pertence a mesma família da varíola humana, ou smallpox. Portanto, são vírus diferentes, mas que estão relacionados.

Apesar do nome bastante sugestivo, especula-se que roedores possam ter uma participação mais ativa no processo de transmissão do vírus, quando comparado com os macacos.

E não é um vírus novo. Na verdade, ele foi descoberto em 1958 e é classificado como patógeno de alta prioridade pela Organização Mundial da Saúde (OMS, ou do inglês, WHO).

Por ser um "parente próximo" da varíola humana, a vacina contra esse vírus é capaz de conferir proteção adicional contra o vírus monkeypox, em torno de 85% de proteção contra a infecção.

Segundo especialistas, a recomendação é de recebê-la dentro dos quatro primeiros dias da data da exposição. Se recebida depois, a vacinação ainda é capaz de reduzir os sintomas da doença, apesar de a proteção contra a infecção ser reduzida.

Os principais sinais e sintomas da doença são a febre, linfonodos inchados (popularmente conhecidos como ínguas) e as "bolinhas" na pele (erupções cutâneas), que parecem catapora, mas, no caso da varíola dos macacos, pode causar coceira ou dor.

Se você esteve em algum local, recentemente, em que casos de varíola dos macacos foram relatados, e está com erupções cutâneas (alguns exemplos na imagem abaixo), procure um médico imediatamente.

A transmissão do vírus pode se dar por meio de aerossóis, além de contato físico próximo ou por longos períodos de tempo. Felizmente, sua capacidade de transmissão de humano para humano é menor, comparada com a varíola humana.

Mas por que estamos vendo esse aumento de casos agora?

Especialistas tem discutido nas redes sociais que os casos podem ter relação com uma série de fatores: a suscetibilidade ao próprio vírus, visto que muitas campanhas de vacinação contra a varíola finalizaram pela década de 80, com a erradicação da varíola humana, além da maior mobilidade.

Outra questão que está sendo discutida, dentro da forma de transmissão, é a possibilidade da transmissão sexual, a qual poderia explicar, em parte, a dinâmica que estamos vendo dos casos atuais em outros países.  

Cabe alertar, como muitos especialistas vem fazendo nas redes sociais, que não devemos tolerar quaisquer estigmatizações de populações em relação a possíveis vias de transmissão, tampouco argumentações preconceituosas acusando a doença "de ser de uma população" por conta de sua orientação sexual, por exemplo.

Temos risco de vermos uma nova epidemia?

Apesar de estarmos diante de um vírus que não apresenta uma alta transmissibilidade de humano para humano, os surtos da doença podem ser mais desafiadores de serem controlados se não rastrearmos os contatos e os possíveis  contatos com esse agente infeccioso.

Uma boa dica é: identificar o caso o mais precocemente possível, isolá-lo, rastrear possíveis contatos desse caso (para limitar a transmissão), vacinar esses indivíduos (contatos e possíveis contatos, numa estratégia chamada de vaccination ring, utilizada com sucesso na erradicação da varíola humana) e investir no monitoramento/vigilância de novos casos.

Algo para se levar para a vida...

Para finalizar, o epidemiologista Tom Frieden destaca, em sua thread sobre o assunto, algo crítico de ser levado em consideração para esse e possíveis novos surtos de doenças no futuro (tradução livre):

É inevitável que continuaremos a ver a emergência de ameaças a saúde pública. O que não é inevitável é seguirmos despreparados. COVID-19, monkeypox, e muitos outros exemplos tornam imperativo que aumentemos o investimento global e a ação dos países para fortalecer a saúde pública. Estaremos todos mais seguros"

E ainda gostaria de acrescentar: a varíola dos macacos (ou monkeypox) é endêmica em algumas regiões da África. Ou seja, tem circulado por essas regiões ao longo do tempo. Estamos vendo, pela primeira vez, uma circulação maior em outros países (regiões não-endêmicas). A ação global em prol da saúde pública precisa abraçar todos os países, lutando para o fim do conceito de "doenças negligenciadas".

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