Animais que dão rolês e cientistas stalkers

Entender padrões de migração é um dos objetivos dos pesquisadores que monitoram animais com GPS

Uma lebre-do-ártico como esta percorreu 388 km em 49 dias. Descalça. No gelo. E eu aqui toda orgulhosa com meus 5k 😅 🏆.

Apesar da foto abaixo sugerir isso, a espécie Lepus arcticus não tem a habilidade de voar.

Foi com suas patinhas que a fêmea, nomeada BBYY, percorreu a maior distância já registrada entre lebres, coelhos ou outras espécies aparentadas.

Dá uma olhada no percurso:

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Vídeo: Jacob Caron-Carrier/Ecology

No Canadá, a Lepus arcticus vive na região acima da “linha das árvores”, como é chamado nas altas latitudes o limite onde árvores conseguem crescer, por causa do ambiente cada vez mais inóspito ao se aproximar dos polos.

O estudo dos pesquisadores que acompanharam BBYY foi descrito na revista Ecology, e espera-se que dados dela e de outras lebres monitoradas no norte do Canadá possam ser usados para traçar estratégias de conservação no deserto polar.

A conservação é um dos principais objetivos em longo prazo dos estudos que colocam GPS em espécies, mas não somente. Entender o percurso de aves migratórias, padrões sociais e de reprodução, distribuição geográfica e predação, entre outras, podem ser as metas dos cientistas “stalkers” que se dedicam a monitorar a vida selvagem.

Um artigo que acaba de ser publicado na Science, por exemplo, analisou dados acumulados de diversos estudos de migração do rouxinol-pequeno-dos-caniços (Acrocephalus scirpaceus) para tentar entender como eles sabem quando e onde parar de migrar. E o que os pesquisadores descobriram foi que o campo magnético da Terra é fonte de pistas para que os pássaros localizem seus locais de reprodução com mais precisão.

Veja, a seguir, outros exemplos de pesquisadores que colocam GPS em animais

Esse é o desenho que um grupos de lobos traçou no mapa do Voyageurs National Park, em Minnesota (EUA), mostrando como cada grupo evita o grupo concorrente.

Eles chegaram a colocar uma câmera em um dos lobos, ao estilo “Bruxa de Blair”:

Aqui uma imagem da ninhada mais recente do Parque (só porque é fofo mesmo).

Ainda sobre lobos, este estudo revelou que o muro construído na fronteira do dos EUA com o México barrou um lobo cinzento mexicano de migrar para o sul. “O muro impede que a fauna faça as migrações/movimentos necessários. E os milhões de animais que não usam GPS?”, disse o editor da National Geographic Douglas Main.

Já essa raposa-do-ártico colocou nossa lebre no chinelo, percorrendo 3.500 km em 76 dias, da Noruega ao Canadá. O GPS indicou que ela chegou a andar 155 km em um dia!

Patos flagrados fazendo um bate e volta entre a Espanha e Argélia:

Este cuco chamado Flappy McFlapperson virou uma celebridade na China, sendo acompanhado de perto nos seus voos. Chegou a fazer mais de 1.000 km em um dia. Com milhares de seguidores, foi capa até da edição internacional do The New York Times, até perecer, em maio de 2018. Mais da história dele aqui.

Aqui, mamãe e filhote de morcegos da fruta egípcios (Rousettus aegyptiacus) devidamente tagueados sendo liberados:

Seguindo as girafas na Tanzânia para defendê-las:

Esse estudo criou um banco de dados com dados de movimentação de 8 mil animais a região do Ártico:

Tartarugas liberadas e vigiadas na Índia:

Nem os tubarões escapam do Grande Irmão científico. Mas é por uma boa causa:

Parecem cometas, mas são marrecos-selvagens migrando:

Focas-cinzentas pra lá e pra cá na costa da Irlanda:

E para fechar nossa rodada de animais tagueados, um brasileirinho com uma boa notícia:

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