A treta do iFood levantou dois pontos importantes

Só a pontinha do iceberg que nos aguarda em 2022.

No fim desta terça-feira (2) o app do iFood foi vandalizado. Segundo a própria empresa, foram modificados cerca de 6% dos nomes dos restaurantes cadastrados na plataforma. A culpa, ainda de acordo com o iFood, foi de um funcionário de uma empresa terceirizada. Parte dos nomes que apareceram – coisas como "Mariele de Franco (sic) Peneira", "Vacina Mata" e "Bolsonaro 2022" – faziam apologia direta a pautas de extrema-direita.

A treta com o iFood aconteceu poucos dias depois de a marca ter anunciado a retirada do patrocínio do podcast Flow, apresentado por Monark, devido a um tuíte do apresentador que questionava se ter uma opinião racista era crime.

Não é a primeira (nem a segunda, nem a terceira) vez que o Monark se mostra atrasado no pensamento. Teve aquela vez em que ele falou que "o Nordeste era viciado no dinheiro do Sul", aquela outra em que ele queria argumentar sem dados (confundindo liberdade de expressão e argumento válido) e uma bem recente, em que mais uma vez ele estava defendendo discurso de ódio achando que estava defendendo a liberdade de expressão.

Muita gente viu uma ligação clara entre a vandalização da plataforma e o fim do patrocínio do podcast capitaneado pelo Monark, uma espécie de vingança contra o iFood por suspender a grana do Flow.

Mas o episódio também levantou dois pontos bem importantes no cenário político atual do Brasil. Um é a vilipendiação da memória da Marielle Franco.

A obsessão dos bolsonaristas com Marielle, vereadora carioca, faz a gente pensar no porquê de tanto ódio contra uma figura pública de currículo muito atuante, mas pouco conhecida nacionalmente até ser brutalmente executada.

O trocadilho usado parece ser recorrente em grupos bolsonaristas, que insistem em destruir reputação ou estão apenas replicando um estratagema idiota pelo prazer de provocar o que na cabeça deles só podem ser esquerdistas, mas na verdade são pessoas com algum traço de humanidade.

A outra é um vislumbre da saraivada virtual que pode se tornar a campanha das eleições de 2022.

Esse tipo de acontecimento – um ataque virtual com grande alcance, executado por uma pessoa sem nome, aparentemente agindo por conta própria e "desligada" de qualquer grupo de maneira oficial, mas que age em nome de ideais amplamente espalhados por milícias virtuais – pode dar a tônica do clima das eleições no ano que vem.

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