Influenciador de extrema-direita nos EUA terá que pagar U$1 bi de indenização por criar fake news

Alex Jones, da produtora Infowars, negou por anos o massacre de crianças em uma escola nos EUA, e mentiras fizeram pais de crianças mortas serem perseguidos por seus fãs

Na última quarta-feira (12.out.22), Alex Jones, um proeminente influenciador de extrema-direita nos EUA, foi condenado a pagar quase U$1 bilhão (+R$5 bilhões) em um caso de difamação por fake news.

Em 2012, um atirador entrou na escola fundamental de Sandy Hook, Connecticut, e assassinou 20 crianças e 6 adultos. Ao longo dos anos, Jones usou sua produtora, a Infowars, para construir a narrativa de que o massacre de Sandy Hook nunca teria existido e seria, na verdade, uma farsa criada pelo governo para tirar o direito ao porte de arma de cidadãos dos EUA.

O PROCESSO. Fundada em 1999 nos EUA, a Infowars é uma produtora de conteúdos para a extrema-direita, liderada por Jones, um pitoresco comunicador e adepto de teorias da conspiração bastante exageradas.

Desde 2014, Jones usa o Infowars como veículo para propagar teorias conspiratórias sobre Sandy Hook.

Consequentemente, familiares de vítimas do massacre foram atacados e perseguidos por fãs de Jones, acusando-os de fazerem parte de uma enorme conspiração contra a liberdade americana. Um dos pais que perdeu seu filho no massacre teve que mudar 7 vezes de casa devido a perseguições de fãs do Infowars.

PROCESSOS. As primeiras ações começaram em 2018, apesar de a primeira denúncia de assédio ser de 2014. No processo específico relativo à condenação de quarta-feira, as famílias acusam Jones e a empresa dona do Infowars, a Free Speech Systems, de capitalizarem em cima da tragédia para ganhar audiência.

O JULGAMENTO. Durante o julgamento, o advogado de defesa acabou enviando acidentalmente uma cópia completa de todos os dados no celular de Jones para os advogados das famílias. Essa falha permitiu que o júri identificasse que o apresentador havia possivelmente cometido perjúrio ao omitir algumas declarações e dados financeiros.

Em outros momentos, Jones já admitiu mentir sobre o massacre. Em 2019, durante o testemunho para um processo de difamação que também foi condenado, ele disse sofrer de “psicose” por conta da “grande mídia que mentia tanto” e o fazia criar conspirações.

Na quarta, uma juíza ordenou que Jones pagasse U$965 milhões (+R$5 bilhões) em indenizações para 15 famílias de vítimas e um agente do FBI. Em agosto, o apresentador foi condenado a pagar U$50 milhões (R$260 milhões) em indenização em um processo semelhante, movido pelos pais de uma criança vítima no atentado.

AS REDES. O Infowars era transmitido ao vivo através do YouTube, Facebook e o site oficial do programa, mas Alex Jones foi banido das duas redes sociais por violar as regras de comunidade. Na época, seu canal no YouTube tinha 2,4 milhões de inscritos. O banimento coincidiu com o começo das ações judiciais contra Jones pela difamação no caso Sandy Hook.

Tanto a emissora quanto o apresentador estão banidos de mais de 10 aplicativos, até mesmo o Pinterest. Eles também estão banidos de usar os serviços de pagamento do PayPal para receber doações.

Além disso, as lojas oficiais do Google e da Apple também baniram os aplicativos do Infowars, sob a justificativa de que o conteúdo programa era ofensivo e violava suas políticas de comunidade.

Após o banimento, a produtora transmite os programas apenas em seu site oficial, que funciona 24h, além de algumas pequenas rádios locais nos EUA. Em 2018, o site recebia até 10 milhões de visitantes mensais, segundo o site Vox.

CALOTE? O apresentador afirma não ter dinheiro para arcar com as indenizações. Em abril, ele pediu falência para impedir quaisquer ações de dano moral por parte de outros familiares ou vítimas.

Em agosto, um economista estimou, ao New York Times, que Jones teria um patrimônio até U$270 milhões (R$1,4 bilhão). Ainda, segundo o The Guardian, o apresentador teria um faturamento anual de U$50 milhões (R$250 milhões), lucro que teria crescido durante a publicização do julgamento.

As audiências do caso tinham cobertura diária e transmitida pelo YouTube, e alguns dos vídeos chegam a mais de 1,6 milhão de visualizações.

Edição de Sérgio Spagnuolo

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