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Esta reportagem foi feita numa colaboração entre Agência Pública, Aos Fatos e Núcleo Jornalismo para a cobertura das eleições de 2022. A republicação só é permitida com a atribuição de crédito para todas as organizações.


Nas últimas horas da campanha, perfis da direita e extrema-direita no Twitter concentravam suas atenções no poder Judiciário, deixando o apoio ao presidente Jair Bolsonaro, que concorre à reeleição, em segundo plano.

Núcleo e Aos Fatos analisaram os 50 tweets com mais curtidas e retweets de personalidades de direita publicados nas últimas 24 horas de campanha. Apenas quatro continham manifestações explícitas de apoio a Bolsonaro.

As contas tinham, somadas, 15,4 milhões de seguidores.

Entre elas, dois tuítes do pastor Silas Malafaia repetem a alegação falsa de que não há denúncias de corrupção contra o governo Bolsonaro. Na verdade, integrantes e ex-integrantes do governo Bolsonaro são alvos de investigações e denúncias de casos de corrupção e outros delitos ligados à administração pública.

A maioria das postagens (39) trazia críticas ou ataques ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal Superior Eleitoral.

Um tema que aglutinou vozes da direita foi a decisão do Ministro Alexandre de Moraes para que as redes sociais bloqueassem as contas da juíza Ludmila Lins Grilo, do Tribunal de Justiça de Minas, assunto de nove dos tweets analisados.

CONTEXTO. Em 21.set, o Conselho Nacional de Justiça abriu uma investigação contra a juíza mineira por "conduta nas redes sociais incompatível com seus deveres funcionais de magistrada". Em sua conta no Twitter, Grilo vinha fazendo publicações 'depreciativas' ao STF e à Justiça Eleitoral.

O gabinete do ministro Alexandre de Moraes foi copiado na decisão por um suposto envolvimento entre a juíza mineira e o blogueiro de extrema-direita Allan dos Santos. Na visão do corregedor do CNJ, Grilo poderia estar ajudando dos Santos a "subtrair-se" da ordem do STF de estar afastado das redes sociais.

Neste sábado (01.out.2022), Grilo usou seu canal de Telegram para falar sobre os bloqueios. Suas contas no Twitter, onde tinha mais de 300 mil seguidores, Youtube, Facebook e Instagram foram bloqueadas entre sexta-feira (30.set.2022) e sábado.

As menções à decisão de Moraes contra a magistrada superaram os tweets (6) com críticas à multa aplicada pelo TSE a Jair Bolsonaro por campanha antecipada em live em que repetiu alegação mentirosas sobre as urnas eletrônicas.

Os apoios ao presidente também foram superados por cinco tweets que tratavam das eleições para o Senado Federal, misturando ataques ao Judiciário com campanha para senador.

"Só qdo tivermos representantes comprometidos em respeitar a Constituição e em votar o impeachment de min do STF q ñ respeitam, é q vamos resgatar nossa Democracia. Abaixo a ditadura da toga", escreveu a comentarista da Jovem Pan, Cristina Graeml, em um tweet que atingiu 2.752 interações.

Reportagem Laís Martins e Ethel Rudnitzki
Edição Sérgio Spagnuolo
ReportagensTwitter/XAos FatosAgência Pública
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