A Meta realizou na quinta-feira (12.mai) um evento para jornalistas sobre os esforços da empresa em suas plataformas para garantir a integridade das eleições brasileiras em outubro deste ano.
CONTEXTO: VIOLÊNCIA OFFLINE. Há uma preocupação real entre diferentes setores da sociedade de que possam haver eventos violentos no processo eleitoral brasileiro deste ano.
Em fevereiro, Avaaz e Real Oversight Board, duas organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, alertaram que o Brasil corre "risco elevado" de ver um evento nos moldes da invasão ao Capitólio dos Estados Unidos, em 6.jan.2021, quando militantes de extrema-direta cometeram atos de violência para protestar a derrota do então presidente Donald Trump nas eleições de 2020.
Na pesquisa, as organizações disseram que o Facebook/Meta não só foi usado para fomentar a invasão na época como falhou em "aprender ou corrigir erros da insurreição nos EUA que poderiam colocar os resultados das eleições de 2 de outubro no Brasil sob perigo".
O QUE DIZ A META: O Núcleo questionou a empresa sobre as preparações sendo feitas pela empresa para um eventual episódio de violência como o que ocorreu nos EUA.
"A gente aprendeu com eventos passados, com eleições que já aconteceram, justamente para aprimorar nossa resposta caso isso venha a acontecer novamente, mesmo que com características diferentes no Brasil ou em qualquer outro país que temos uma atuação", disse a gerente de programas de Resposta Estratégica da Meta, Debs Delbart.
Segundo Delbart, o centro de operações – a famosa war room da empresa – irá monitorar cenários de violência ou "qualquer evento emergencial que puder acontecer e que estiver em violação das nossas políticas de comunidade", citando como exemplos discurso de ódio, incitação à violência ou qualquer tipo de conteúdo que possa incorrer em danos físicos.
"Estaremos com essa força-tarefa, que é o centro de operações, garantindo que nossas plataformas não sejam utilizadas para organizar momentos violentos ou para gerar qualquer tipo de interferência no processo democrático", acrescentou Delbart.
Segundo ela, a Meta não está monitorando apenas riscos e conversas que estão acontecendo sobre as eleições de 2022, mas também "comportamentos por trás de algumas narrativas" e citou como exemplo atos de comportamento inautêntico coordenado.
"Quero lembrar quão a sério a empresa leva a violação de suas políticas. Aquele caso em especial [invasão ao Capitólio dos EUA], ao haver uma incitação à violência, viola uma política muito cara para a Meta que é a política de potencial de danos no mundo offline", acrescentou Monica Guise, gerente de Políticas Públicas da Meta no Brasil.
"Então sempre que um conteúdo tiver o potencial de gerar danos à pessoa na vida real, fora da plataforma, esse conteúdo, uma vez identificado, vai ser sim removido".
OUTRAS AÇÕES
O evento de quinta-feira não trouxe grandes novidades, mas apresentou uma descrição das ações que já estão em vigor.
- Parceria com o TSE: esta será a primeira eleição em que o TSE terá um canal de denúncias exclusivo para enviar à empresa conteúdos para revisão. A Meta também treinou autoridades eleitorais sobre as ferramentas da melhor. Os rótulos em conteúdos sobre eleições já vêm sendo aplicados no Facebook e Instagram.
- Centro de operações: Segundo a empresa, essa sala dedicada ao processo eleitoral estará em 'pleno funcionamento' antes, durante e depois dos dias de votação, mas não foi divulgado uma data sobre quando entrará em funcionamento.
- Combate à desinformação: a parceria com agências de checagem de fatos (Agência Lupa, Aos Fatos, Estadão Verifica e AFP) continuará durante as eleições. Conteúdos classificados como falsos terão a distribuição reduzida em 80% no feed, receberão rótulos e não podem ser impulsionados. Esse programa de verificação não se aplica a políticos, no entanto.
- Encaminhamento limitado no WhatsApp. Essas eleições serão as primeiras em que o WhatsApp terá ainda mais restrições no encaminhamento de conteúdos no serviço de mensageria. Desde abril, a empresa implementou uma mudança para que mensagens já encaminhadas só possam ser reencaminhadas para um grupo por vez. Antes, a limitação era de cinco grupos ou cinco contatos. Vale dizer que qualquer tipo de encaminhamento ou disparo em massa, como usado pela campanha de Bolsonaro em 2018, está vedado.