Receba nossas newsletters de graça
Bom dia! Aqui é a Chloé Pinheiro, de volta, agora na skin mãe de um bebê fofo demais. Enfim, vocês lembram do filme Feitiço do Tempo, dos anos 1990? Nele, um jornalista passa a reviver o mesmo dia (o Dia da Marmota) sem parar. Se você é jovem demais pra lembrar, não tem problema! A vida real já tá assim. Hoje tem fake news de vacina, tragédia anunciada no RS, degradação ambiental e por aí vai. As pautas se repetem, mas não estamos presos em nenhum feitiço. Medo e pessimismo podem ser motor de transformação. Bora lá!
Rio Grande do Sul
Mais uma vez, os gaúchos são vítimas do combo emergência climática e má gestão pública. Só que, dessa vez, o estado vive o maior desastre natural da sua história. E “natural” naquelas… As cheias dos rios provocaram alagamentos impressionantes e mais de 300 cidades estão em situação de calamidade pública. Até segunda-feira (6) mais de 80 mortes foram confirmadas.
Falta de aviso não foi
Essa chuvarada estava prevista com semanas de antecedência, mas os moradores foram avisados em cima da hora. E faz tempo que a ciência alerta para aspectos que tornam a região mais vulnerável aos eventos climáticos extremos e para a importância de fazer gestão de riscos. Para saber mais, siga os divulgadores científicos que vivem no RS, como o Isaac Schrarstzhaupt, a Karina Lima e a Mellanie Fontes-Dutra.
Reciclagem antivax
O portal Metrópoles publicou e apagou um post em seu Instagram com uma chamada sensacionalista sobre a farmacêutica AstraZeneca ter admitido “pela primeira vez” um efeito colateral raro da sua vacina contra a Covid. Só que o evento em questão, um tipo de trombose, já era conhecido e tá até na bula. Parece aqueles atrasados que te contam uma fofoca do ano passado.
Adeus Mata Atlântica
Um estudo recém divulgado calculou a perda desse bioma, que é o mais devastado do Brasil, no estado do Rio de Janeiro. Na região mais afetada, 93% da floresta original foi destruída até 1985 e só sobrou 3% em 2020. Agricultura e pastagem respondem pela maior parte do estrago. Os autores do trabalho discutem suas implicações ali embaixo, na nota do convidado.
* Pela primeira vez, cientistas registraram um primata aplicando plantas numa ferida. E ele se curou! Ótimo fio sobre o tema.
* Um estudo brasileiro associou a obesidade ao racismo.
* O mico do Estadão, que publicou um texto dizendo que é preciso aumentar a mineração para conter o aquecimento global. Era só dar um Google antes, caras…
* A mortalidade materna mais do que dobrou em 2021 no Brasil.
* O que acontece ao misturar mercúrio e alumínio. 😮
* Um novo (e belo) estudo mostrou como o cérebro pode influenciar na imunidade.
* Uma comparação visual da velocidade dos animais.
Nota do convidado
35 anos de perdas na Mata Atlântica do Norte e Noroeste fluminenses
Por Patrícia Marques, do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Recursos Naturais da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Claudio Bohrer, professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF-Niterói) e Marcelo T. Nascimento, professor do Laboratório de Ciências Ambientais da UENF
Originalmente, a Mata Atlântica cobria 90% da área da região Norte e Noroeste do estado do Rio de Janeiro. Nas últimas décadas, a intensificação do uso da terra nesta região afetou de forma significativa o bioma.
A degradação florestal está relacionada aos diferentes ciclos econômicos do café, cana-de-açúcar, fruticultura e das pastagens para pecuária, além da extração de madeira e, em algumas áreas, a expansão urbana desordenada.
Com isso, até 1985 restavam apenas cerca de 13% da cobertura florestal original. Mas a perda não foi uniforme. A Floresta Estacional Semidecidual de Baixada, o tipo mais afetado pelas mudanças no uso da terra, mantém hoje apenas 3% de sua vegetação original.
Uma avaliação em escala temporal de 35 anos (1985 a 2020) destaca uma redução nas taxas de desmatamento, principalmente a partir da década de 90. Entretanto, apenas 8% da área remanescente está protegida em alguma Unidade de Conservação (UC). E, mesmo nos locais teoricamente protegidos, como as áreas de proteção permanente (APPs), houve uma perda de 16% da vegetação neste período de 35 anos.
O desmatamento da Mata Atlântica provoca graves impactos ambientais de perda de biodiversidade e de serviços ambientais, tais como provimentos de água, proteção contra erosão do solo, sequestro de carbono e regulação do clima.
Quem vive em nossa região percebe como estamos, cada vez mais, enfrentando problemas sérios de seca e enchentes.
Boa parte destes eventos seriam minimizados ou mesmo evitados se tivéssemos uma realidade diferente e maior cobertura florestal.
A perda acentuada da Mata Atlântica no Norte e Noroeste do Rio de Janeiro resultou em uma paisagem fragmentada, com remanescentes florestais pequenos e isolados. Desta forma, a procrastinação na criação de UCs e em restaurar áreas degradadas de APPs e de reserva legal nas propriedades rurais trará consequências sérias e negativas para a região.